As hierarquizações étnicas e raciais possuem um papel histórico na construção da sociedade e consequentemente na produção científica brasileira. Os ataques a grupos indígenas e quilombolas; o genocídio da juventude negra nas periferias e favelas; as violências aos espaços sagrados das religiões de matriz africana e indígena; e as estruturas de opressão impostas as mulheres negras, são exemplos. A Geografia historicamente tem um papel fundamental na consolidação e naturalização dos “conhecimentos”, que através da colonialidade produzem a dominação de corpos, mentes e lugares. Partir de perspectivas antirracistas pressupõe o diálogo com novos paradigmas para compreender tais relações como elementos constituintes de práticas do espaço geográfico. Deste modo, propõe-se pensar as questões étnicorraciais e suas interseccionalidades não restritas a um campo específico da Geografia. A AGB advoga estar na trincheira da luta antirracista. Contudo, sabe-se que as dimensões do racismo se difundem socialmente, assumindo caráter estrutural e promove a sua reprodução em diversas escalas. Sendo assim, questionamos: como a AGB se posiciona nas lutas antirracistas? Em que medida e proporção a entidade encampa as teorias científicas, discursos e ações políticas que buscam a superação do racismo brasileiro? Como isso se manifesta nas atuações da associação na dimensão de suas seções locais e nacional? De quais formas a AGB vem atuando como articuladora dessas lutas entre geógrafas e geógrafos no Brasil, uma vez que assim se posiciona a organização?
Provocador: Integrante do GT de Geo raça e racismo da AGB Juiz de Fora
Palestrantes: Simone Antunes (Integrante do GT de Relações Raciais e Interseccionalidades da AGB Niterói, Professora de Geografia da Rede Pública Estadual do Rio de Janeiro, Integrante do Grupo de Pesquisas NEGRA/FFP e Mestranda no PPGEO/Universidade Federal Fluminense (UFF) ) e Renato Emerson Nascimento dos Santos (Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) / AGB Rio de Janeiro).