Artigo publicado na edição especial COVID-19 da Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde (HYGEIA).
Resumo: Em épocas de epidemias é comum serem criadas normas sanitárias, baseadas no conceito de polícia médica, para o controle dessas enfermidades. O presente trabalho procurou discutir os conflitos de parcelas da população brasileira com as normas sanitárias tendo como pano de fundo a Revolta da Vacina e a Pandemia de COVID-19. Se na época da Revolta da Vacina a população mais pobre estava revoltada por um acúmulo de coisas como a reforma urbana de Pereira Passos e o processo de gentrificação que a expulsou para longe do centro, sem direito a indenização, a questão moral da exposição do corpo das mulheres aos vacinadores, os abusos da repressão, tudo isso feito de maneira arbitrária, a vacinação obrigatória foi somente um estopim para o acontecimento. Na pandemia de COVID-19 existe uma complexa situação em que parte da população tem condições de ficar em isolamento social e outra parcela precisa continuar trabalhando, seja por se tratar de atividade essencial, seja por serem trabalhadores informais sem renda fixa. Além disso, uma parcela grande da população reside em aglomerados subnormais em condições insalubres e sub-humanas onde é praticamente impossível manter um isolamento digno, isolar pessoas suspeitas ou doentes e ter acesso à água potável. Por fim, empresários não querem perder seus lucros e insistem que as atividades econômicas não podem ficar paradas, a despeito do risco de aumento do número de mortos.
Artigo disponível em: Conflitos da sociedade brasileira com as normas sanitárias: um paralelo entre a revolta da vacina e a pandemia de COVID-19