Artigo publicado na edição especial COVID-19 da Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde (HYGEIA).
Resumo: O presente estudo tem como objetivo analisar a difusão espacial da COVID-19 e caracterizá-la em relação às grandes estruturas territoriais do estado do Rio Grande do Sul. Trata-se de um estudo ecológico, realizado com todos os casos registrados de COVID-19 (infectados e óbitos), no período de 10 de março à 02 de maio de 2020. Os dados foram coletados em fontes secundárias oficiais e modelados por município de residência do caso. A difusão dos casos e sua densificação permitiu reconhecer dois grandes eixos de difusão da COVID-19 no estado do Rio Grande do Sul: na rede urbana que vai de Porto Alegre à serra gaúcha, que é a rede de maior densidade e de maior fluxo, e na rede que vai na direção da campanha, que é uma rede urbana de menor densificação e fluxo, mais antiga e também mais fragmentada. Por essa razão, é maior o número de casos na rede urbana da serra, estendendo-se, por conseguinte, até Passo Fundo e Erechim. Mais de 90% dos casos estão concentrados em municípios de baixa privação social e melhores condições de saúde, exatamente no eixo Porto Alegre-Serra-Norte gaúcho. Todavia, há sinais de interiorização da COVID-19 em municípios de elevada privação social, sobretudo os localizados na região do Pampa e nas fronteiras sul e oeste. Recomenda-se, dessa forma, enorme atenção à interiorização do vírus, seja porque a extensão geográfica do evento torna mais difícil o seu controle, seja ainda porque municípios socialmente mais privados possuem piores condições de saúde e maior dificuldade de acesso aos serviços de saúde.
Artigo disponível em: Difusão da COVID-19 nas grandes estruturas territoriais do estado do Rio Grande do Sul, Brasil