Artigo publicado na edição especial COVID-19 da Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde (HYGEIA).
Resumo: O presente texto tem como objetivo apresentar análise do processo de difusão espacial da Sars-Cov-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2), também conhecida como COVID-19 ou Coronavirus, no estado do Paraná. Para tanto, a análise dos dados é focada no primeiro mês após a confirmação do primeiro caso, ocorrido no dia 12 de março de 2020. Subjacente à análise está a compreensão de que a COVID-19, como um evento de saúde pública de interesse mundial, está atrelada às estruturas e dinâmicas do espaço geográfico. Dialeticamente, como singularidade e universalidade, simultaneamente faz parte do espaço geográfico, mas, também, é espaço geográfico. Metodologicamente, são considerados: 1) dados produzidos pelas Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde; 2) dados sobre Síndromes Respiratórias Agudas Graves do sistema Sivep-Gripe do Ministério da Saúde; 3) dados demográficos, de infraestruturas e organização do território do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); 4) dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). A partir da análise conjunta dos dados, subsidiada pela teoria da produção do espaço geográfico, foi possível chegar a algumas constatações: a) a dispersão do vírus pelo território se dá em dependência com as estruturas e dinâmicas territoriais; b) os pontos e rotas predominantes são as cidades médias e eixos rodoviários economicamente mais importantes que constituição basicamente em espaços de contágio e de dispersão; c) cidades médias são espaços estratégicos de contensão ou de aceleração da dispersão, pois as decisões nelas tomadas determinarão os impactos nas cidades pequenas sob sua influência; d) as cidades pequenas, que ainda não foram significativamente afetadas, têm redes de atenção à saúde muito frágeis, o que permite antever cenários de grande risco para as populações que nelas residem. A análise geográfica, por fim, pode dar uma dupla contribuição: reconhecer os padrões espaciais das rotas de dispersão, fornecendo informações relevantes para o planejamento das ações em saúde, por um lado, e aprofundar a compreensão dos modos de ser do espaço geográfico contemporâneo, através dos eventos em saúde, por outro.
Artigo disponível em: Dispersão da COVID-19 no estado do Paraná