Artigo publicado na edição especial COVID-19 da Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde (HYGEIA).
Resumo: No presente texto, o autor apresenta um conjunto de dados históricos que documentam a progressiva unificação microbiana do mundo à medida que a agricultura, o comercio e a tecnologia de transporte nos tornaram mais próximos. Nas últimas décadas, fundamentalmente através da intensificação do processo de globalização e de hiperconetividade de pessoas e bens, a frequência de surtos pandémicos tem crescido significativamente, obrigando à revisão do Regulamento Sanitário Internacional (2005) e à adoção de compro misso internacionais de preparação em saúde global, cujos níveis de alerta ainda são escassas em diversas partes do globo. Partindo das lições aprendidas com as mais recentes epidemias de ébola, discutem-se as fragilidades encontradas ao nível local e regional, bem como o modelo de atuação de atores internacionais relevantes. A eclosão da atual pandemia gerada pelo SARS-CoV2, pela rapidez de propagação e pela sua extensão, obriga-nos a refletir para além dos dados epidemiológicos básicos, propondo-se uma leitura geográfica, analisando o contexto de interdependência gerado globalização dos transportes e pela segmentação das cadeias de produção abruptamente interrompidas com a emergência da epidemia. As consequências futuras a retirar deste cenário disruptivo ainda são incertas, mas algumas evidencias sugerem que este tipo de acontecimentos poderá ter algum potencial para acelerar processo de mudança no contexto da globalização das trocas.
Artigo disponível em: Preparação e cooperação internacional em cenários de emergência sanitária: fragilidades anunciadas num contexto de economia global