Moção Contrária à expansão das políticas de Inovação e Empreendedorismo

DIRIGIDA:

Às Secretarias Estaduais e do Distrito Federal de Educação;

Às Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia;

Às Universidades Públicas brasileiras (CRUB)

Ao Ministério da Educação

Ao Ministério de Ciência e Tecnologia

Guilherme D’Alessandro Gonçalves Maglione – Seção São Paulo 

Gabrielle Borinelli – Universidade Federal do Paraná

Anna Beatriz Fonseca Bernardo – Seção São Paulo

Roberth Becker D’Anunciação – Seção São Paulo

Gabriela Gonzalez Furia – Universidade de São Paulo

Gianluca Rígido Vanucci – Universidade de São Paulo

Rafael Dias de Lima – Universidade Federal do Paraná, Centro Acadêmico de Geografia – CAGEO

Nícolas Dombrowski Netto – Universidade Federal do Paraná

Nós, participantes do VIII Congresso Brasileiro de Geógrafas e Geógrafos da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), em reunião entre os dias 07 e 12 de julho de 2024, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), repudiamos as políticas de Inovação e Empreendedorismo e sua expansão.

CONSIDERANDO que tem se alastrado pelo Brasil, secretarias, escritórios, institutos, pró-reitorias, normas e políticas educacionais alinhadas às concepções de “inovação” e “empreendedorismo”,

CONSIDERANDO que tais políticas buscam trazer para dentro das instâncias acadêmicas e burocráticas da Universidade grandes bancos e empresas privadas;

CONSIDERANDO que a universidade, muitas vezes, permite que essas empresas influenciem no conteúdo e na orientação das pesquisas e produções científicas, culturais e tecnológicas, valendo-se também de seus recursos humanos e materiais;

CONSIDERANDO que a relação parasitária entre as empresas privadas e as universidades públicas reduz o acesso da população ao que a universidade produz, pois há uma gigantesca apropriação privada do conhecimento e ciência produzidos;

CONSIDERANDO que a proposta de reforma das Diretrizes Curriculares Nacionais de Geografia que visa criar cursos tecnólogos na área tem ligação direta com estas políticas, à medida em que reduz a formação em Geografia ao escopo técnico para, abertamente, incentivar a produção de “inovação” e outras “iniciativas empreendedoras” e aproximar das entidades de pesquisa e ensino as empresas privadas;

CONSIDERANDO que a Universidade é uma instituição chave para a sociedade e, por isso, deve estar a serviço do povo, dos movimentos sociais e não dos grandes bancos, empresas e monopólios; 

PORTANTO, nós da Associação dos Geógrafos Brasileiros repudiamos veementemente a adoção e aplicação dessas políticas que vem promovendo uma verdadeira refuncionalização da universidade pública brasileira, como o programa Centelha, em nível federal, a criação de secretarias de Inovação em quase todo o Brasil, em nível estadual; e políticas diversas aplicadas em Universidades, escritórios, fundações privadas, etc., relacionadas ao tema, por violar nossos princípios e valores fundamentais de defesa de uma universidade democrática, pública, estatal, gratuita e vinculada aos interesses do povo brasileiro. 

EXIGIMOS a saída dessas empresas de dentro das instituições científicas brasileiras e a criação de instrumentos de controle democrático, pela comunidade universitária e movimentos sociais, da verba, dos concursos e do trabalho executado nas universidades.

Esta moção de repúdio será comunicada oficialmente às partes interessadas e ao público em geral.

São Paulo-SP, 12 de julho de 2024.

 

 

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