Saudações a todos, todas e todes companheiros,
A Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) manifesta repúdio aos atos ofensivos destinados ao trabalho desenvolvido pelo estudante de doutorado em Geografia Diego Miranda Nunes, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Repudia, sobretudo, qualquer ato que desqualifique, como ato de LGBTfobia e/ou misoginia, pesquisas, ações de ensino e extensão em Geografia que se dediquem às temáticas de gênero, identidade de gênero, sexualidade e orientação sexual. A Geografia Brasileira é reconhecida, mundialmente, pela sua história e pela capacidade crítica de seus pesquisadores e pesquisadoras ao tratar questões que enfrentem a desigualdade e as violências produzidas e reproduzidas na realidade socioespacial. A formação em Geografia no Brasil é alicerçada no respeito à diferença e considera fundamental a pluralidade teórica e metodológica em suas pesquisas e ação de extensão socialmente referenciadas. Ressalta-se que nosso campo do conhecimento avança sistematicamente na elaboração de uma gama imensa de trabalhos que tratam as diferentes facetas relativas à produção e reprodução do espaço, em suas múltiplas instâncias econômica, ambiental, como política e cultural. Nesta trajetória, a Geografia tem discutido profundamente sobre como a produção do espaço vivido expressa e ao mesmo tempo resiste às hierarquias que posicionam de forma violenta e os diferentes sujeitos sociais. Neste tempo Histórico a experiência do espaço geográfico é cada vez mais precarizada e degradante para quem seja a pessoa que o vive. O campo dos estudos do gênero e das sexualidades tem permitido alcançar o entendimento sobre as articulações em diferentes escalas do controle social, do preconceito e do estigma que afetam radicalmente as experiências dos diferentes sujeitos de acordo com seus corpos, racialidades, etnias, identidades de gênero e orientações sexuais. Neste sentido, a Geografia tem ampliado e vem aprimorando o campo do conhecimento que parte da escala do corpo e fortalece a luta pela liberdade e emancipação, por meio de pesquisas que se envolvem como a visibilidade de fenômenos antes não tratados que revelam uma relação profunda entre os sujeitos e reprodução da realidade socioespacial desigual e combinada. Lutamos pela riqueza e diversidade da produção do conhecimento científico para que tenhamos uma ciência que trabalhe em busca da justiça social na qual democraticamente diferentes sujeitos possam exercer seus direitos de existir e constituir um espaço social justo e acolhedor, instituído pelo reconhecimento das diferenças em luta pela liberdade e emancipação radicais.
Cordialmente,
Diretoria Executiva Local – Porto Alegre
Gestão 2022-2024
Diretoria Executiva Nacional DEN
(2020-2022)
—
Sem comentários