Para toda a comunidade geográfica brasileira,
O atual cenário geopolítico mundial mostra, de um lado, o declínio da hegemonia ocidental no globo com o enfraquecimento progressivo dos Estados Unidos, acompanhada da crise que se alastra sobre a Europa. Ao mesmo tempo vemos a afirmação dos países orientais, sobretudo a China, como nova potência, impondo uma nova ordem mundial multipolar. Aliado a estes elementos, a ascensão da extrema-direita como fenômeno mundial surge como difusora de uma ideologia anti-científica, anti-humanista e antidemocrática em que as regras da política são transgredidas e reformuladas, assumindo aspectos de uma verdadeira guerra comunicacional.
O Brasil, como sempre, ocupa uma posição estratégica dentro desta nova conjuntura. E a ela deve responder. Desde a década de 1990, a entrada da política neoliberal, com sua ideologia de Estado Mínimo, trouxe a este país a agudização progressiva do desmantelamento dos serviços públicos, indispensáveis para um projeto de país que se queira justo, pacífico e soberano. A política educacional, de ciência e tecnologia foi parte desse processo, ora com ataques diretos, ora com momentos de fôlego, como a inegável expansão das universidades e institutos federais durante o período aproximado de dez anos entre 2003 e 2013.
Porém, depois de um ciclo de seis anos iniciado por um golpe constitucional conduzido no seio da burocracia estatal, chegamos neste momento a uma encruzilhada histórica. As enormes perdas sobre a classe trabalhadora, somadas à destruição ambiental desmedida e aos ataques aos direitos humanos em todas as suas frentes, nos trouxeram a um ponto de inflexão. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira, caracterizada por uma complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade brasileira, não pode prescindir da efetivação do Estado Democrático de Direito.
A comunidade geográfica, como fração da vasta sociedade brasileira, não pode se furtar a definir sua posição perante este momento histórico. Diante da realidade concreta a nós imposta, a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) não poderia de forma alguma se omitir.
Fazemos coro com o conjunto de instituições científicas e acadêmicas da sociedade civil brasileira nos colocando a favor da única candidatura que, neste segundo turno das eleições presidenciais, se apresenta como oposição à barbárie, ao obscurantismo, a todo tipo de negacionismo e irracionalismo cujo projeto atende apenas à sanha do capital nacional e transnacional.
Consideramos que essa postura é imprescindível para que se possa avançar em torno
de um projeto de Brasil verdadeiramente democrático em que a justiça, a solidariedade e a fartura sejam bens de todos. Que contenha toda a diversidade possível na sua unidade. Que nunca abra mão de sua autodeterminação, das regras constitutivas da soberania do povo brasileiro, seja por interesses estrangeiros ou internos.
É com base nestes princípios que a Associação dos Geógrafos Brasileiros assina esta carta aberta e manifesta seu apoio à favor da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência da República Federativa do Brasil.
Sim para a democracia! Sim para o povo brasileiro!
São Paulo, SP, 21 de outubro de 2022.
Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB)

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