A Associação do Geógrafos Brasileiros-Seção Local de Porto Alegre, vem a público manifestar preocupação e solidariedade com relação ao conjunto de ameaças e ataques sofridos pela professora Larissa Mies Bombardi (USP).
Os ataques, que culminam em seu autoexílio, são ações violentas e sistemáticas que apresentam evidente risco à sua vida e de seus familiares. Mais do que um ataque a pessoa em seu exercício profissional, que por si seria algo inadmissível, entendemos que os atos denotam uma clara tentativa de silenciamento de certos temáticas de pesquisa e investigação. Larissa notabilizou-se por um conjunto de pesquisa de excelência acadêmica que apontam para os impactos sociais e ambientais do agronegócio brasileiro (por exemplo, o atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia” – 2017). A violência é uma das dimensões do ataque à ciência socialmente engajada, que se soma ao negaciosismo científico em plena pandemia, cortes brutais no financiamento público à pesquisa e à educação pública.
Atos como os sofridos pela professora Larissa detonam, também, a tentativa de setores da sociedade em invisibilizar os impactos sociais e ambientais de certas práticas econômicas, as quais colocam o território nacional em risco. O silenciamento, proibição de divulgação e resultados de pesquisa configuram-se em tentativas “apagamento” da realidade que urge por providências.
Sob este contexto, a AGB-PoA vem a público manifestar sua preocupação e solidariedade à professora Larissa Mies Bombardi. Demonstramos nossa solidariedade na certeza de que tal violência não silenciará o compromisso social da Geografia e não invisibilizará a perversidade social e ambiental.
Porto Alegre, 20 de março de 2021
Associação dos Geógrafos Brasileiro-Seção Local de Porto Alegre
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