Em editorial publicado na Revista NERA (v. 28, n. 2, 2025), o Manifesto da Geografia pela Ética na Publicação Científica, elaborado pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) protagoniza um chamado urgente por transparência e coerência editorial nas publicações acadêmicas em Geografia.
O texto intitulado “Manifesto da Geografia pela Ética na Publicação Científica: Por que debater, defender e fazer política editorial é urgente?”, assinado por Bernardo Mançano Fernandes, Camila Ferracini Origuela, Eduardo Paulon Girardi, Estevan Leopoldo de Freitas Coca e Lorena Izá Pereira, posiciona-se num momento de turbulência no sistema de avaliação da CAPES. A mudança, iniciada em 3 de outubro de 2024 e reforçada em 2025, eliminou o sistema Qualis para priorizar a avaliação de artigos individuais, deixando os periódicos acadêmicos em um limbo de adaptação.
Nesse sentido, a AGB lançou em abril de 2025 dois documentos: o Manifesto da Geografia pela Ética na Publicação Científica – contendo 40 diretrizes políticas para diferentes atores do sistema científico – e as Orientações para a Promoção da Ética na Produção Científica em Geografia. Ambos buscam fortalecer práticas éticas, a defesa da Ciência Aberta e convocar um permanente debate sobre política editorial, mesmo diante das métricas e pressões institucionais.
Destacam-se três pontos centrais:
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Combate a pressões por produtividade e plágio, ressaltando os riscos das métricas quantitativas, que incentivam publicações predatórias e desonestas;
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Apoio à Ciência Aberta, frente à concentração editorial em grandes grupos internacionais que restringem o acesso ao conhecimento;
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Consolidação de identidade editorial, como medida de defesa contra a lógica volátil das avaliações, reforçando que editar é também um ato político.
Revista NERA subscreveu oficialmente o manifesto em abril, reforçando seu compromisso editorial e ético.
Por que isso importa para a Geografia no Brasil?
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Evita que periódicos tornem-se reféns de métricas, garantindo consistência temática e política editorial.
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Valoriza a ética científica e combate ao plágio, reforçando a prática acadêmica enquanto atividade responsável.
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Promove a democratização do conhecimento, mantendo os periódicos livres de dependência das grandes editoras.
Próximos passos
A AGB convida periódicos, programas de pós-graduação, pesquisadores e agências de fomento a assinarem o manifesto e incorporarem suas orientações em suas práticas. A proposta é formalizar uma agenda permanente de construção e defesa de políticas editoriais que respeitem a integridade científica.
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