O capitalismo contemporâneo, no contexto da sua crise estrutural, marcada pela produção altamente destrutiva e pelo esgotamento das possibilidades civilizatórias, tem conduzido a vida social à barbárie. Tal situação se expressa, sobretudo, nas formações socioeconômicas do capitalismo tardio.  No bojo desta questão, o conservadorismo tem avançado em escala mundial e se colocado como estratégia político-ideológica de conservação da estrutura de classes. Tal situação se faz presente com o aumento das discriminações e preconceitos contra os imigrantes e refugiados, a população LGBTQI+, os/as negros/as, os povos racializados, as religiosidades de matriz africana, aos povos originários e aos quilombolas. Diante deste cenário, qual tem sido o papel do ensino de Geografia na educação brasileira? As pedagogias do aprender a aprender, fundamentadas no neoescolanovismo e no neoprodutivismo, asseguram a coerência teórico-metodológica estruturante da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), da Reforma do Ensino Médio, do PNLD, da Base Nacional Comum para a Formação (BNC-Formação). Este ideário, a serviço da reestruturação do capital, tem em vista a formação de um sujeito que atenda às novas demandas do atual regime de acumulação capitalista flexível. A formação do sujeito “empreendedor de si”, implica na perda da sua identidade de classe trabalhadora e da sua personalidade profissional, na fragilização da seguridade social e da garantia das condições sociais de trabalho e aposentadoria. Nas políticas educacionais neoliberais, o ideário pedagógico é o da primazia da iniciativa privada baseada nas leis do mercado, como antídoto para o fracasso escolar da escola e dos serviços públicos,dada a suposta incapacidade inerente ao Estado de administrar os direitos sociais básicos. A finalidade da educação é a de formação de empreendedores e da conciliação de conflitos sociais, secundarizando os conteúdos e métodos das diferentes disciplinas escolares. Por isso, os ataques ao trabalho docente, a despolitização do ensino de Geografia e o esvaziamento do conhecimento científico. O modelo tecnicista de avaliação externa e censitária orienta a reforma curricular da base nacional comum, e consequentemente, o programa nacional do livro didático e a formação docente. A reforma do ensino médio retira o conhecimento científico das disciplinas escolares das áreas de ciências humanas e de ciências naturais do currículo. Desta forma, a manutenção e a defesa do ensino de geografia na educação brasileira põe em pauta a revogação do modelo de avaliação do sistema nacional de educação, da base nacional comum curricular e da reforma do ensino médio. Os profissionais da geografia vêm denunciando a sociedade brasileira agrária, agroindustrial mercantil e rentista, estruturada nos monopólios da terra-território, da escravização do passado, dos meios de produção e controle do trabalho do presente e do poder e da apropriação privada da riqueza socialmente e culturalmente produzida; fundamento do cotidiano de racismo estrutural, da misoginia e do patriarcalismo, de conflitos fundiários rurais e urbanos, de degradação ambiental, de extrema desigualdade social no campo e na cidade. Também a geografia tem feito reverberar a luta contra tudo isso, desde a resistência indígena, sua ampliação com os negros africanos escravizados e com a luta antirracista, até os movimentos populares-sindicais rurais e urbanos, se posicionando na disputa por um projeto democrático-popular para o Brasil. É preciso construir sobre o Brasil um olhar geográfico que permita a análise da dimensão histórica e social da produção do espaço e de suas especificidades no modo de produção, o que permitiria uma certa forma de ver e pensar o espaço, desenvolvido através dos conceitos e categorias empíricas, das práticas espaciais. Nossas ideias formam o que chamamos de mundo e que orientam nossas práticas. No que lhe concerne, a prática social muda as condições objetivas do espaço e também as suas representações. Que as professoras e professores de geografia possam falar ao Brasil as suas expectativas de futuro mais justo e democrático. Que a Associação dos Geógrafos Brasileiros, possa em sua representação da comunidade geográfica, se estabelecer no enfrentamento às contrarreformas neoliberais.

Reforçamos que, além de dialogar com o tema estabelecido pelo título e ementa, os manuscritos devem respeitar as políticas editoriais da Terra Livre e as diretrizes para autoras(es) . Ressaltamos que os textos devem apresentar formatação de acordo com as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mais especificamente, a NBR 10520 de 2023.

Prazo para submissões:  Entre 11 de agosto e 11 de setembro de 2023.

Prazo de submissão prorrogado: até o dia 26 de setembro de 2023.

Reiteramos que os artigos devem ser inéditos e não devem estar em processo de avaliação em outro periódico. Também é necessário que os manuscritos sejam encaminhados sem a identificação adequada das (os) autoras (es), incluindo corretamente o endereço do OrcID, na etapa 3 do processo de submissão (inserir metadados). Os manuscritos que não respeitarem estas diretrizes serão automaticamente arquivados.

Por se tratar de uma edição com a temática do X Fala Professor(a)!, os trabalhos completos encaminhados para os anais do encontro não devem ser submetidos a Terra Livre. Tal ação é entendida como autoplágio. Caso identificado, o manuscrito será arquivado ou retirado da publicação.

Qualis: A2  (avaliação do Quadriênio 2017- 2020).

Quantidade de autores:  No máximo 4.

Submissões via sistema SEER: https://publicacoes.agb.org.br/index.php/terralivre

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